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O prêmio Jabuti "O Avesso da Pele" esteve na nossa pauta e deu muito assunto

Foto do escritor: Thaiane MachadoThaiane Machado

Jeferson Tenório veio para arrebatar as sensações com esse romance tão sensível e emocionante. Foi muito papo. Por Thaiane Machado

[foto oficial: Renata, Camila, Cind , Marie, Adriana, Ju, Taís, Márcia, Bruna, Graciela e Amanda]


No nosso sexto encontro falamos de racismo. Você pode estar aí com aquela pergunta: "Mas, de novo?" Sim! Mais um vez ele voltou para a nossa pauta de discussão e, ainda que seja pela terceiras vez, cada um dos livros nos faz pensar nele em situações comuns - embora a gente finja que não enxergue.


Em "O Avesso da Pele", Pedro conta como o seu pai, Henrique, professor de escola pública da periferia de Porto Alegre, foi assassinado aos 52 anos pelas forças policiais numa abordagem de rotina foi. Mentira. É mais que isso. Pedro narra a história de sua família a partir do seu ponto de vista, suas projeções sobre os seus pais e as questões que marcam a História do nosso país. Muito mais que racismo, mas todo o combo que se associa a ele, como violência policial, relacionamentos inter-raciais e toda a mágoa e tristeza da perda de uma pai da forma tão desastrosa.

Depois que você morreu, passei meses pensando na minha própria morte. Mesmo com tão pouca idade, eu pensava na morte, pois você, muito cedo, me deixou consciente da nossa finitude. - JEFERSON TENÓRIO

Jeferson Tenório conta um retrato de nossa sociedade atual, em que tanto ódio está sendo espalhado e muito dele atribuído a pessoas pretas e pobres, como o professor Henrique. Ele serve para nos questionar sobre a existência de um preconceito estrutural difícil de ser disseminado e que parece ser um elemento hereditário - passa de pai para filho, como Henrique para o seu filho Pedro.


Como bem disse Ronaldo Cagiado, "a trama espelha o terrível estigma por que passam os negros, sempre o primeiro alvo de qualquer ação da segurança pública e vistos como ameaça, porém vítimas de uma tragédia maior: o abismo entre classes, fermento da pobreza e da desigualdade, esse passivo social que culmina numa rede de injustiças e opressão sobre parcelas vulneráveis da população, atavicamente usurpadas e violadas em seus espaços, subjetividades e identidades".

Quando uma pessoa branca nos elogia, nunca saberemos se aquilo é sincero, ou apenas uma espécie de piedade, ou para não se sentir culpada, ou mesmo para não ser acusada de racismo. Não sabemos avaliar nosso fracasso. Porque é tentador atribuir todas as nossas fraquezas e nossas falhas ao racismo. - JEFERSON TENÓRIO

Pode ler sem esforço. Vale prêmio.



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