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Elena Ferrante deu muito caldo nesse encontro, com "A Amiga Genial"

Foto do escritor: Thaiane MachadoThaiane Machado

Em tão pouco tempo viramos um grupo de 12 mulheres. E que encontro maravilhoso para celebrar a sororidade, incentivada por Elena Ferrante. Por Thaiane Machado

[foto oficial: Renata, Camila, Cind , Thai, Alice, Ju, Taís, Adriana, Márcia e Amanda]


Dizem que agosto é o mês do desgosto, mas essa afirmação não se aplica ao nosso caso. Agosto foi o nosso sexto encontro e aquela que reuniu o maior número de mulheres do clube. Talvez a escrita de Elena Ferrante tenha feito emergir em todas nós esse desejo de falar de amizade, vivências da infância e adolescência ou, até mesmo, estar com outras mulheres. Poucas pessoas sabem, mas a autora de "Amiga Genial" foi durante um tempo um grande mistério para todos, uma vez que ela assina a sua tetralogia com seu pseudônimo. Com o livro se tornando um sucesso em uma série na HBO, Anita Raja, a escritora e tradutora de alemão nascida em Nápoles no ano de 1943, teve que se revelar.


No nosso grupo iniciamos a leitura pelo primeiro dessa sequência que conta a "saga" da história sobre forte amizade de Elena Greco, narradora da história (Lenu), e de Rafaella Cerullo, mais conhecida como Lila, percorrendo todas as fases da vida das duas, nascidas e crescidas no subúrbio de Nápoles, nos anos pós-guerra. Entre um emaranhado de personagens que fazem parte desse bairro, Lenu traz a sua visão sobre a busca de ser (e ter) uma amiga genial.

Ficou um tempo calada, mirando a água que brilhava na bacia, e então disse: “Qualquer coisa que aconteça, continue estudando”. “Mais dois anos: depois pego o diploma e terminou”. “Não, não termine nunca: eu lhe dou o dinheiro, você precisa estudar sempre”. Dei um risinho nervoso e disse: “Obrigada, mas a certa altura a escola termina”. “Não para você: você é minha amiga genial, precisa se tornar a melhor de todos, homens e mulheres.” - ELENA FERRANTE

No livro, as personalidades antagônicas das personagens fica evidente e talvez por isso ele tenha gerado tanta conversa no nosso encontro. O romance foi um estímulo a compartilhar não só experiencias de amizades, mas de questões familiares que nos aprisionam. Assim como Lenu e Lila, mulheres vivem em famílias em que pais se colocam como donos das decisões dos seus destinos, seja através da escolha de uma carreira ou da obrigatoriedade casamento. Assim como Lila e Lenu, mulheres precisam esconder os seus desejos ou sentir culpa por ser desejada por alguém.


"A Amiga Genial" é sobre amizade sim. Mas, ela é também um pano de fundo. As personagens são as vozes de mulheres, mesmo que a história se passe na década de 1940 e numa cidade com características tão únicas e específicas. Ele é sobre como uma relação amorosa entre amigas pode ser capaz de gerar um conflito de sentimentos: amor, orgulho, raiva, inveja e uma série de questões que resulta numa relação de anulação de uma ou outra em algum momento.

Lila não estava, talvez já tivesse ido embora. O que ela andava fazendo? Não ia mais à escola, só pensava em sapatos e botinas e, no entanto, sem me dizer nada, vinha a este local pegar livros emprestados? Ela gostava desse espaço? Por que não me convidava a acompanhá-la? Por que me deixara com Carmela? Por que me falava de como se esmerilhavam as solas e não daquilo que lia? Fiquei com raiva, fui embora - ELENA FERRANTE

Sabemos que esse livro deu e deixou. Deu o que falar e deixou com vontade de continuar (para algumas, uma certa 'raivinha' por aquele final enigmático...).




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